sábado, 19 de junho de 2010

Medo de.....


Recebi por e-mail essa crônica do meu amigo Jorge, ela é do (queridíssimo) Carpinejar e pensei em deixá-la registrada aqui. Na medida em que vamos lendo é uma mistura de "sim", de risos e um "é verdade"...Enfim, quem nunca sentiu medo de muitas coisas e a principal delas: de se apaixonar, levante a mão....



Medo de se apaixonar

Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas.

Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer.


Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza.

Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado.


Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz.

Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira.


Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele.

Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito.


Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha.

Você tem medo de já estar apaixonada(o) ?

Por: Fabrício Carpinejar

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Da Argentina para o Museu do Internacional


É distribuindo simpatia e de fala rápida que a Administradora de Empresas, com ênfase em Marketing, e também Artista Plástica, Mariana Paula Maier Rutenberg interrompe a sua rotina de trabalho para contar um pouco da sua trajetória. Aos 35 anos de idade, casada com o cientista da computação Walter Hermann, ela gerencia o recém inaugurado Museu do Sport Club Internacional. Conquista que ela ressalta como uma experiência valiosa e de grande realização profissional.
Nascida na capital argentina, Buenos Aires, veio para o Brasil, com os seus pais, aos 12 anos. “Meu pai é um empreendedor de negócios internacionais e inicialmente viríamos para Florianópolis, mas como a cidade era muito pequena na época para questões de negócios, ele decidiu vir para Porto Alegre”, recorda.
Quando chegou à capital gaúcha teve, dificuldades de aceitação em algumas escolas por não saber falar português. No ensino fundamental estudou no antigo colégio IPA e, no ensino médio, no Pastor Dohms. Mariana reconhece que foi difícil a transição de um país para o outro devido à língua e à nova cultura, mas que foi se adaptando aos poucos. “Aqui no Brasil os estudos e os valores são bem diferentes. Quando eu estudava na Argentina, por exemplo, era feio a gente não saber uma lição e, quando eu cheguei aqui no Brasil, era o inverso, era feio ser CDF, (aluno que se dedica muito aos estudos) ou seja, havia uma inversão de valores. Na Argentina era importante ser o melhor aluno da classe. Foi um choque para mim”, lembra.
Desde criança, Mariana conta que as artes e a cultura sempre estiveram presentes na sua vida. Na escola os seus desenhos eram reconhecidos e participava de um grupo que era liberado para a confecção do cenário para os dias pátrios. A artista plástica lembra que gostaria de ter feito uma faculdade de Design, mas como na época não havia esse curso específico optou por fazer artes plásticas. Apesar da correria do dia a dia, contudo, não deixa de lado a “Mariana artista” como ela mesma fala, possui um atelier onde confecciona algumas peças e produtos.

O Museu

O Museu do Sport Club Internacional foi inaugurado no dia 6 de abril e hoje possui uma grande procura não pela sua parte histórica, mas também pela sua tecnologia. Mariana participou da criação e do desenvolvimento do projeto do museu. “Poucas pessoas tem essa oportunidade de participar de um projeto como este. Pra mim foi e é espetacular, não tem preço. Uma experiência rara e é poder aplicar e aperfeiçoar todas as questões que eu estudei”, relata. Gerenciando o Museu do Inter, ela confessa que faz o que mais gosta. “Hoje eu posso dizer que uni as minhas duas paixões, a administração e as artes visuais. Eu já tinha interesse na área de Museologia e foi aí que tudo começou. Conheci a diretora do Museu, fazendo umas cadeiras em conjunto no curso. Ela conheceu uma parte do meu trabalho e começamos a conversar. Trabalhar no Museu para mim é uma grande realização profissional”, enfatiza
Mariana se define como uma pessoa com muito entusiasmo e uma pessoa que acredita e se cobra muito para que tudo aconteça. “Quando eu abraço uma proposta dou o melhor de mim. Não economizo. Tem uma música do Fito Paez que ele fala que “dar és dar”. A gente tem que se doar plenamente”, ressalta.

A Paixão

Neta de alemães e italianos e com influência de sua avó e da sua mãe, a artista plástica revela que a sua grande paixão é a culinária. “Adoro livros de culinária, cozinhar para amigos, provar coisas novas, temperos e misturas inusitadas. A minha avó e minha mãe sempre cozinhavam muito bem e veio delas essa influência pela cozinha. A minha mãe preparava reuniões, com entradas, com a preocupação do vinho, de aromas e sabores”, lembra.
Das lembranças de sua infância, Mariana conta que viajava muito. E uma das características de seus pais eram colocar os filhos no carro e sair para viajar. Ela conta que já visitou muitos lugares, mas um lugar que recomenda é Bariloche no verão. Uma pessoa muito eclética em questão de música, porém Mariana gosta de músicas que digam algo mais, ou seja, que tenham letras significativas. “ Tem um cantor argentino, Diego Torres, que tem uma música que gosto muito da letra. “Saber que se puede querer que se pueda, quitarse los miedos sacarlos afuera.” acho que é a minha cara , salienta.
Conhecer lugares novos na capital, explorar os bairros que não conhece e até visitar uma padaria nova, por exemplo, são coisas que ela gosta de fazer nas horas de folga. “Fico chateada com algumas pessoas que falam que não tem nada para se fazer em Porto Alegre. Aqui tem muitas coisas para se fazer e conhecer. Visitar lugares como cafés, museus, fazer um passeio de barco, enfim, tem tantas coisas. Às vezes queremos conhecer o mundo, mas não conhecemos o nosso próprio quintal, desabafa. E nessas suas caminhadas pela capital gaúcha, Mariana tem a companhia de sua cadela, da raça Show Show,a Keka. “Ela está sempre comigo nas minhas caminhadas, ela é a minha companheira”, conta.