sexta-feira, 5 de novembro de 2010

" Tô te confundindo pra te esclarecer"

foto: Uriel Gonçalves


- Quem aqui gosta que o namorado aperte a sua bochecha?
Por favor, a bochecha não, a bunda!

- Eu sempre quis usar um gesso no braço.
Alguém aqui já quebrou um braço ou uma perna e usou gesso?

- Tem coisa mais legal que engessar um braço e depois
ir
para o colégio e os colegas todos escreverem nele?
Ser o cara popular e as meninas encherem o gesso de 'coraçõeszinhos',
escreverem versinhos e deixarem recadinhos. Quem não quis isso? Eu quis!

Com esses questionamentos o escritor, professor, poeta e jornalista, Fabrício Carpinejar iniciou o seu bate-papo com o público que estava presente no estande da Caixa Econômica Federal, na tarde desta quarta-feira, (03/11).

Diante dos olhos atentos e interrogativos das pessoas para aquele homem de unhas pintadas de verde musgo (somente em uma das mãos), óculos azul que lembram ao do Homem Mosca, personagem do cinema norte-americano da década de 20 do século passado, Carpinejar indagou em voz alta ao público presente as questões mencionadas na abertura do texto. E assim a conversa prosseguia enquanto os que passavam próximo do escritor, chegavam de mansinho para prestar atenção nas suas palavras e no modo irreverente e verdadeiro que ele interpretava o cotidiano através de suas crônicas. As risadas eram frequentes, pois o óbvio é o cotidiano e que ninguém arrisca dizer como ele realmente é. No entanto, o autor Fabrício Carpinejar fala e com muito firmeza e convicção.

Para a professora Nanci Mantovani, 47 anos, as crônicas do autor são muito pontuais. "Gosto muito das crônicas dele. Leio muito no jornal, porém ainda não tive a oportunidade de comprar os livros. Vou ver se aqui na feira eu compro", ressalta Mantovani com os olhos atentos ao escritor.

Conforme Carpinejar, o amor tem que ser mais direto possível, na forma de falar e de sentir. "É no amor que vamos enxugar as nossas lágrimas, com as mangas da camisa, quando choramos e ouvimos Amado Batista", enfatiza o autor ao falar que amor não é brega.

Fabrício trabalhou como repórter no jornal VS, em São Leopoldo, e como assessor de imprensa da Unisinos. Quando questionado sobre as vivências e experiências no jornalismo ele responde: "O jornalismo fez eu ter mais curiosidade, sobretudo a ter persistência e não me contentar com somente uma perspectiva", enfatiza Carpinejar.

O autor de 37 anos é filho de pais também poetas, Carlos Nejar e Maria Carpi. Eles deram origem ao seu sobrenome artístico do escritor, que resultou da união de seus sobrenomes, ao lançar o primeiro livro, 'As Solas do Sol', em 1998, e assinar Carpinejar.

Diante de tanto sucesso e quase nenhuma brecha em sua agenda, o escritor que atualiza os três blogues e ministra aulas no curso de Formação de Músicos e Produtores de Rock, na Unisinos, - será que ainda sobra tempo para ler? - "Claro, leio e muito, e estou lendo agora Um erro emocional de Cristovão Tezza" - responde o jornalista.

Escritor de 16 livros lançados em pouco mais de uma década de carreira literária, Fabrício coleciona quase duas dezenas de prêmios, com destaque para o Açorianos de Literatura por Um Terno de Pássaros ao Sul, em 2001, o Prêmio Nacional Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras, por Biografia de uma Árvore, em 2002, e o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, na categoria Contos e Crônicas, por Canalha, em 2009.

Carpinejar é seguido na sua página do twitter por mais de 70 mil internautas, e nela dispara frases curtas e diretas de interpretação ímpar sobre fatos do cotidiano. Parte dessas reflexões, de até 140 caracteres, estão publicadas no livro www.twitter.com/carpinejar, em 2009.

Nos dias 11, 12 e 13 o escritor vai ministrar a oficina "Amar é..." Sempre às 19 horas, na Biblioteca do Centro Cultural CEEE Érico Verísssimo (CCCEV).

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